sexta-feira, 14 de maio de 2010

A VOZ DO POVO (3) - Paróquia ou Paró...dia?

Todos os artigos são bem-vindos ao CONVERSADOCAFE e este é de Marta Arantes. Mande-nos também o seu artigo para o nosso correio electrónico conversadecafe@live.com.pt .

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Cada qual segundo as próprias possibilidades...? Paróquia ou Paró...dia?

Sempre aprendemos que, à luz da igreja católica, são 10 os mandamentos da Lei de Deus. Sendo que são esses que determinam se a pessoa faz o bem ou faz o mal ("boa pessoa" versus "má pessoa").

É certo também que, de acordo com os cinco mandamentos da igreja católica, todos os paroquianos devem:
1. Participar da Missa aos Domingos e outras festas de guarda.
2. Confessar-se ao menos uma vez por ano.
3. Receber o sacramento da Eucaristia, pelo menos na Páscoa.
4. Abster-se de comer carne e observar o jejum nos dias estabelecidos pela Igreja.
Dias de jejum: Quarta-feira de Cinzas e Sexta-feira Santa.
Dias de abstinência de carne: sextas-feiras da Quaresma.
5. Atender às necessidades materiais da Igreja, cada qual segundo as próprias possibilidades.

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Parece-nos que, na Paróquia de Fão a única coisa que importa é o 5º mandamento, sendo este um pouco deturpado. Parece que as "próprias possibilidades" é, para o Sr. Padre Rocha, deixar de pagar as contas de casa, ou até mesmo, outras coisas tão importantes nos dias de hoje, como a Educação/Formação Académica.
Vamos especificar....
Um casal e a presumida futura Madrinha de uma criança dirigiram-se sábado passado ao Gabinete do Sr. Padre. Foram então, no horário de atendimento "entre as 15h e 15h30, mas o mais certo é ás 16h", ter com o Sr. Padre. Como o baptizado irá ser realizado numa outra freguesia, por um outro Padre, a única coisa que se pretendia era um papel de idoneidade para uma pessoa ser madrinha de Baptismo.
Tudo correu bem... o Sr. Padre atendeu com muita simpatia e foi verificar, no seu computador, pensamos nós, a ficha da pessoa em questão, pessoa esta casada pela Igreja, que já foi Madrinha (há um ano e meio) e sem Crisma. Pensávamos nós que este último poderia ser o grande impedimento para esta pessoa se tornar Madrinha.
O Sr. Padre informou que a pessoa em questão não pagava a dita "Congrua". Alto! Afinal o impedimento não era o Crisma, mas sim a falta do pagamento dos direitos paroquiais. Então vamos lá clarificar! Sim, porque bastava que o Sr. Padre explicasse aos paroquianos presentes no seu gabinete em que é que consistia e como eram os costumes dos paroquianos assíduos. Os presentes estavam disponíveis para actualizar a sua situação.
A primeira pergunta que o Sr. Padre fez foi "Como está a vossa situação com a Igreja?" a qual nós não entendemos. O Sr. Padre referiu a assiduidade à missa, entre outros deveres... até aí entendemos...mas a conversa acabou por se direccionar apenas para a questão material!
Referimos então que uma das pessoas presentes era zeladora de dois altares nas duas Igrejas de Fão, e questionou-se se isso não era já o cumprimento dos seus deveres para com a paróquia, o Sr. Padre respondeu que "Isso não interessava para nada", e ainda perguntou se queria "uma medalha por isso?". Como podem imaginar, ficamos chocados!
Mais! A avaliação que o Sr. Padre faz relativamente aos seus paroquianos é a seguinte : "Pelos pais que contribuem materialmente, eu vejo se os filhos são bons ou não"! Como os pais da pessoa em questão são católicos não praticantes, não contribuindo para a tal "Congrua" embora outrora já tenham contribuído para a Paróquia com o Sr. Padre Vilar e, mais recentemente para a Casa Paroquial e para a Casa Mortuária, complicou mais a situação.
Como parecia que, para o Sr. Padre, o que havia para resolver era apenas a questão material perguntamos, então, quanto é que a pessoa que foi escolhida para Madrinha teria que pagar para actualizar os seus direitos paroquiais ao que ele respondeu "posso dizer 200 €", a resposta foi "desculpe Sr. Padre mas, neste momento, não estou em condições de pagar tão alto valor" ao que ele respondeu "Não goze comigo!".

Depois de tudo isto, questionamo-nos, o que é que afinal importa para a Igreja Católica! A questão material? Ou a honestidade e fé de cada um?

Só era necessário atestar a idoneidade de uma pessoa que, por escolha dos pais da criança, é a pessoa que eles acreditam que estará presente sempre que esta criança precisar!
Por não pagar a dita "Congrua" será que essa pessoa deixa de ser uma pessoa idónea?

É por estas e por outras que a Igreja Católica está a afastar, cada vez mais, o seu rebanho...
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Marta Arantes

12 comentários:

  1. Cara Marta, apenas digo que é o estado da actual Igreja Católica. Temos de manter o estatuto dos senhores boas casas, boas motas, bons carros, estilo de vida luxuoso quando deveria ser em plena simplicidade, jantares, etc. É muito interessante saber estas coisas. Por isso é que muitas pessoas passam a católicos não praticantes porque não se identificam com isto. Gostava de ver este tipo de senhores a sobreviver com o ordenado mínimo e ter de pagar contas e comer, devia mesmo ser muito interessante... Espero que consiga resolver esta dificuldade.

    Cumprimentos

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  2. É certo que o lado mais materialista da Igreja tem vindo a ser debatido e até mesmo cada vez mais "desvendado" aos olhos do senso comum. Ou seja, até aí isso não é novidade para ninguém. O que me faz confusão é que para se "ingressar" na referida Igreja tenha que se pagar. "Temos de nos baptizar para nos redimirmos do pecado original de Adão e Eva e sermos admitidos no seio da Igreja... pois...mas coitadas das criancinhas sem posses pois ficarão à porta, e já nem se safam no "limbo" abolido há meses pelo altos cargos clericais. Mais vale se calhar fazer como Cristo e fazê-lo no rio com a água pelos joelhos eheheheh

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  3. Aqui está um fiel depoimento do que na minha opinião se tornou a igreja, mais concretamente em Fão.

    Daria aqui panos para mangas escrever acerca do estado actual da igreja, do facto do catolicismo ser hoje em dia uma tradição e na maior parte das vezes, não uma questão de fê.

    Agora, aquilo que se tem passado em Fão, aquilo que se passa na Igreja, em que transformam uma tradição (Igreja/Fê) num negócio, é uma vergonha, é uma vergonha que nos roí por dentro, é uma vergonha que nos retira o chão, que nos deixa tristes e até furiosos com quem supostamente entregou a sua vida ás mãos de Deus (Padres).

    Eu sou um Agnóstico próximo de Ateu, é certo que estas características já permitem a muitos fundamentalistas criticarem o que aqui vou escrever. Escrevo em meu nome e não em nome da Família (já que os Fangueiros também gostam muito de generalizar as coisas....pelos vistos até o próprio padre).

    Agora o Sr. Padre Rocha, é o cúmulo, coloca problemas onde não os há, vê a Igreja como um negócio, exibe sinais de riqueza exterior que contradizem os pressupostos da Igreja (pelo menos aqueles que eu vou ouvindo a Igreja defender)...sinais que chocam, sinais que denotam a clara diferença entre classes sociais, sinais que em nada defendem que perante Deus, todos somos iguais.

    Andaram a pedir dinheiro para melhorarem a casa paroquial para o Sr. Padre, pedem dinheiro para a Igreja, pedem dinheiro para casas mortuárias.... é dinheiro para tudo, estabelecer valores, brincar com as poupanças das pessoas é do mais ridículo que existe e exige-se um pedido de desculpa e a participação disto aos superiores do Sr. Padre Rocha.

    Contudo, para mim o mais chocante é:

    "Pelos pais que contribuem materialmente, eu vejo se os filhos são bons ou não".

    Isto soa-me a Igreja Universal do reino de Deus, soa-me a mau carácter, soa-me a ofensa barata e desmedida, uma Vergonha!

    Sr. Padre Rocha tenha vergonha, tenha vergonha enquanto pessoa, tenha vergonha enquanto Padre.

    Cumprimentos

    Dário Ferreira de Jesus

    (deixo os apelidos se o Sr. Padre quiser ir ao computador....).

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  4. E seria justo que mesmo não pagando tivesse direito aos mesmos serviços daquelaes que pagam assiduamente... e não se queixam...
    Quem quer paga, quem não quer, amigos na mesma...
    Ninguem é obrigado a ser católico, muito menos não concordando com os seus principios.

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  5. O relato conforme é feito não abona muito em favor da Igreja organização, pois a outra igreja, a dos crentes, refuta os procedimentos mercantilistas.
    É verdade que a organização institui regras e estes procedimentos já os vi criticados noutras paróquias pois estas directrizes vêm das dioceses.
    Temos de perceber que o exercício de uma actividade mesmo religiosa tem muitos custos e a comunidade tem de participar, desde que seja aderente e os baptizados ou casamentos não são meros actos de folclore como às vezes parecem.
    Os peditórios normalmente são para "construir" infraestruturas a favor das pessoas e são um património da paróquia.
    As pessoas levam a peito estas situações perante um hábito que não será de fé mas sim de tradição, pois muitas das pessoas que entram na Igreja para esse acto, poucas são as praticantes e algumas até agnósticas, mas extremamente exigentes em relação ao padre.
    O Padre Rocha como outros padres fizeram uma opção não missionária, mas de trabalho nas paróquias e ao mesmo tempo tem uma profissão como professor, que sem encargos familiares lhe deve proporcionar uma boa poupança e a mim não me preocupa o carro que o padre Rocha utiliza.
    Muito provavelmente se ele tivesse optado pela pobreza, que é mesmo uma opção, não estaria numa paróquia a organizar batizados, casamentos, funerais ou missas e preocupado em liderar a recuperação de igrejas, salão paroquial ou construir uma casa mortuária que nunca será para ele.
    Isto não terá a ver com a fé mas com a organização de funcionamento de uma paróquia pois se formos a falar de fé muito certamente eu diria, que nada tenho a ver com o padre Rocha ou outro padre,sobre a espiritualidade ou desempenho religioso das pessoas que intervieram neste cenário, numa análise meramente pessoal mas profunda.
    Não quero julgar qualquer das partes e no meu conceito é bom que as pessoas reajam quando não se sentem satisfeitas embora o candidato a novo filho da Igreja (a criança) viva indiferente a tudo isto por não ter capacidade de julgar quem o quer batizar e as razões do Padre Rocha. Talvez um dia vá julgar quem tomou a iniciativa de fazer o batizado pois não teve parte consciente na festa e isso poderá ser muito pior do que os argumentos do padre.
    A Igreja só poderá ser melhor se os que se dizem crentes confirmarem a sua fé no dia a dia e não apenas nos dias de festa.

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  6. Se a madrinha escolhida é a pessoa mais indicada, não considero que os problemas do sr. Padre sejam problema para os pais.
    Um padrinho não precisa da aprovação da igreja. essa posição está nos nossos corações e não escrita em papeis ou testemunhada por deus.
    peço imensa desculpa pela brusquidão, mas eu mostrava-lhe o dedo do meio.

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  7. Algumas pessoas pensam que a Igreja é uma casa onde cada um faz o que quer e um batizado não é a mesma coisa que registar uma pessoa. Não está em causa esta madrinha mas a Igreja tem regras e precisa da aprovação. SE FOSSE NA RELIGIÃO ÁRABE A VER SE BRINCAVAM COM ESTAS COISAS. O rigor é muito maior e tu James ias ver onde metias o dedo. Decerto ficavas sem ele como eu vi algumas cenas em França.

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  8. Viva, eu aproveito este post para tentar perceber algo.

    A dita "congra" (confesso que nem sei se se escreve assim) seria um dia de trabalho que se dava ao Padre, uma vez que ele era assalariado.

    Pelo que percebo, as "obrigações" para com a Igreja (os tais 200 euros do Sr. Padre Rocha) refere-se a esse "imposto". Mas então se o Sr. Padre Rocha, tem salário de professor e provavelmente de Padre (presumo eu)...essas obrigações...vão para o bolso do Sr. Padre Rocha? Vão para a Paróquia? Há balanço de contas da Paróquia? Acessíveis a quem queira ver?

    Se vão para o bolso do Sr. Padre Rocha, então porque que ainda se continua a dar esse dinheiro?

    Isto faz-me lembrar os trabalhadores da recolha de lixo, virem no Natal pedir "esmola", quando eles têm um emprego remunerado e normal!

    Obrigado

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  9. Este comentário foi removido pelo autor.

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  10. dou graças à sorte por não fazer parte da religião árabe e poder dizer aquilo que me apetece!
    parte da educação passa por se saber utilizar devidamente a má educação. se me cortassem o dedo, eu mostrava o da outra mão.
    "quer uma medalha por isso?" e "não goze comigo" não são respostas que um padre, ou qualquer outra pessoa, deva dar a quem educadamente lhe expõe os factos ou faz perguntas. não podia simplesmente explicar que é a lei da igreja, e que por muito que quisesse entregar-lhe o papel de idoneidade não o poderia fazer?
    tenho pena da criança. está, indirectamente e sem culpa nenhuma, a causar problemas que parecem sérios por causa de uma coisa que possivelmente nem lhe vai fazer diferença no futuro.
    então isto não é uma conversa de café? o que mais se ouve nos cafés são palavrões e o que mais se vê são gestos obscenos.
    isto devia era ser a "conversa do salão de chá"!
    (não me levem a mal, Nunos! não é nada pessoal, nem tem nada a ver convosco. acho francamente que o vosso trabalho é impecável)
    "Pelos pais que contribuem materialmente, eu vejo se os filhos são bons ou não"... eu não preciso de pagar a um padre para saber se os meus filhos são bons ou não. para isso existo eu e a mãe deles.
    tenho dito.
    muito boa noite.

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  11. como é uma conversa de café também aproveito para dizer mais umas coisitas.
    Não é por estas e por outras que a Igreja tem crise de crentes porque a Igreja já foi muito mais exigente em termos materiais e tinha muitos mais adeptos.
    A crise é de espiritualidade por excessos de materialismo.
    Tenho pena de não ler ou ouvir a versão do padre sobre este caso pois iria certamente explicar e esclarecer melhor alguns ditos pois as famílias católicas têm obrigações e não podem invocar só a fé religiosa quando lhes interessa ou convém.
    Já estive em várias cerimónias em Fão e não me lembro de em nenhuma delas o padre levar dinheiro pois eram paroquianos que contribuiam normalmente e o padre dizia apenas às pessoas que não era nada e perante algumas insistências, numa delas ouvi isso, ele apenas disse que a Igreja estava em obras e se quisessem podiam dar a sua oferta.
    Não vamos medir a Igreja por essas coisas pois o dinheiro faz falta para pagar as despesas correntes como a luz,pinturas, objectos do culto e a fabriqueira deve ter as coisinhas todas organizadas pois tem de prestar contas à entidade superior. Regras são regras e a fé é livre e essa deve ser desenvolvida por cada um e acho que é essa que falha.

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  12. O problema não é a Igreja Catolica, mas sim quem a representa. Se fosse a "Dona Riqueza de Grande Importância", o sr padre não dizia nada.

    Temos pessoas em fão que são "quadradas" para alguns interresses. não admito que por questões monetárias, uma pessoa não possa ser madrinha.

    parece que o sr padre esqueceu o que aprendeu no seminario: pobreza, obediencia e castidade.

    espero que não ocorram mais casos semelhantes, pois então alguem vai fugir(mas não tão bem) como o prior gonçalves...

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